terça-feira, 13 de maio de 2008

Casa

A minha casa deve ter dois pedaços de abandono.

Não terá condomínios e permanece longe, onde sempre esteve.
Cadáveres pelas gavetas,
Rasgadas unhas no poço fundo do quintal, ao lado Dela: mesma que plantara em 2011.
Já sei da sua folha, queda e o derretimento amarelo.
Pressinto seu floema,
Sabe dos meus dutos, dorso e desvios da borra no pano, último raio.
Conhece o mecanismo das tardes,
A circunferência dos vapores e a tristeza dos pipas no escuro.
Em uma parede a descasca, digitais apagadas dos meninos que passaram.

Minha casa inevitavelmente tem um quê de derrota.

Luciano Carvalho. Novembro de 2006.

Nenhum comentário: