terça-feira, 13 de maio de 2008

sem título

Tenho me dedicado ao consumo de legumes;
Desde filhote mastigava coisas verdes,
mas a lufada de suas pétalas impele-me à quebra do esqueleto duro das membranas vegetais.
As fibras maceradas nos molares,
o suco dos gomos excitando minha língua,
alguma água e néctar entre os braços.
Chego a ti em plena seiva e folha, somente o vento alquebrando minha copa.
Enquanto planta aguardo tua lua ingerindo frescas ramas, brotos, talos;
construindo o meu lenho.
Como toda árvore: tramo,
recosta neste caule,
refresca olho, tez e lanho,
mas não durma mole sombra.
Como toda árvore: sangro,
não creia na rigidez do tronco,
no subterra da raiz,
no frêmito em finos galhos.
Como toda árvore, mamo
convertido em estacas,
perfuro tua pele,
retalho seu princípio:
Lhe carne,
Lhe sangue.


1º semestre de 2007

Um comentário:

Unknown disse...

assisti sua performance na casa das caldeiras.Sua poesia é visceral.Parabens.